CLIMATOLOGIA

REGIMES DE VENTOS DA PARAÍBA

O comportamento sazonal e interanual do vento é o resultado da interação de todos os fenômenos da circulação atmosférica global, em todos os níveis de grandeza, juntamente com outros processos físicos, químicos e biológicos. No Estado da Paraíba o comportamento do vento se define primariamente pelos ventos alísios e pelo anticiclone subtropical do Atlântico Sul, fenômenos que modulam a direção do vento predominante, e pelos efeitos de brisa terrestre e marinha, que afetam as regiões próximas ao litoral.

REGIMES HORÁRIOS

A variabilidade diurna do vento no estado da Paraíba caracteriza-se por duas naturezas distintas. A primeira deve-se à forte influência das brisas marinhas e terrestres, que se intensificam no final da tarde e ocorrem próximo ao litoral. A segunda, deve-se à aceleração nas chapadas e montanhas, causada pela estratificação térmica da atmosfera estável e dissipação da turbulência algumas horas após o pôr do sol.

A Figura 2.5 representa graficamente a variabilidade do vento das 6 torres anemométricas que compuseram a rede de medições utilizadas para validar este Atlas Eólico, em termos do fator de capacidade de geração eólica, estimado a partir de curvas de potência representativas de aerogeradores disponíveis no mercado nacional. Mais informações sobre as características das torres são apresentadas na SEÇÃO METODOLOGIA.

Conforme visto na figura, as torres anemométricas de Mataraca e Pitimbu, na Mata Paraibana, apresentam regime diurno bem definido, com forte aceleração do vento no final da tarde e início da noite em decorrência das brisas marinhas. Na torre anemométrica de Damião, que se encontra em uma região com aproximadamente 600 metros de altitude no Agreste Paraibano, observa-se forte aceleração do vento após o pôr do sol, estendendo-se até o nascer do dia seguinte. Na torre Teixeira, instalada no extremo oeste da Serra da Borborema, a 788 metros de altitude, observou-se regime noturno semelhante, mas com reduzido potencial eólico durante o dia. A torre de Campina Grande, também no Agreste Paraibano, mostra velocidade elevada do vento nas primeiras horas após o pôr do sol, seguida por desaceleração abrupta durante a madrugada e manhã. Em Juazeirinho, na região leste da Borborema, observa-se, novamente, rápida aceleração da velocidade do vento no final da tarde até o início da madrugada, quando há rápida desaceleração.

REGIMES MENSAIS E SAZONAIS

O Estado da Paraíba apresenta uma sazonalidade bem definida, com ventos máximos na primavera e verão.

As torres anemométricas de Mataraca e Pitimbu apresentam forte aceleração durante o período mais frio e durante a transição para o período mais seco do ano, começando no inverno e se intensificando na primavera. Nas torres de Damião e Campina Grande, o potencial se intensifica de maio a novembro, na época mais fria e seca. Juazeirinho indica ventos mais fracos durante o outono, e a torre de Teixeira também apresenta maior potencial de maio a novembro.

Conforme discutido na introdução desta seção e verificado no MAPA DE ROSA DOS VENTOS ANUAIS, a direção predominante do vento no Estado é leste*. Também em MAPAS INTERATIVOS são apresentados os mapas de velocidades médias anuais a 70, 100, 120 e 150 metros, e os mapas de velocidades médias sazonais nas quatro alturas.

Ainda que as medições apresentadas sejam representativas de suas regiões, é importante ressaltar que suas variabilidades horizontal, vertical e temporal são particulares dos pontos de instalação das torres, por conta da topografia local, obstruções a barlavento e vegetação, elementos que podem causar impacto significativo no escoamento do vento.

REGIMES INTERANUAIS

A climatologia envolvida em um período de análise interanual de longo prazo, da ordem de décadas, está sujeita a fenômenos sinóticos cíclicos que ocorrem na Terra, como é o caso dos renomados El Niño e La Niña, relacionados a eventos de grande variação de temperatura do Oceano Pacífico e a impactos globais com alterações na circulação atmosférica. Esses fenômenos são precursores de grandes mudanças nos campos de temperatura, pressão e umidade relativa, que afetam diretamente o comportamento do vento no Nordeste Brasileiro.[79]

A Figura 2.6 ilustra a variabilidade dos regimes interanuais para um período de 20 anos utilizando a base de dados do modelo de reanálise atmosférica global MERRA (Modern-Era Retrospective Analysis for Research and Applications), desenvolvido pela NASA, para os pontos mais próximos das 6 torres anemométricas. Esse período foi escolhido por ser representativo do prazo de operação de usinas eólicas. A variabilidade se mostra pequena, ao redor de 5%, para praticamente todo o período analisado, com exceção de duas ocorrências. O ano de 1988 apresentou recuperação acentuada quando comparado aos anos anteriores, enquanto o ano de 2009 ficou marcado como um dos períodos históricos de maior déficit do recurso eólico em grande parte do Nordeste Brasileiro.

* POR CONVENÇÃO, DEFINE-SE A DIREÇÃO DO VENTO EM RELAÇÃO AO NORTE GEOGRÁFICO, DE ONDE O VENTO SOPRA.

FIGURA 2.6 Gráfico de barras com os regimes interanuais normalizados de várias regiões do Estado;
E comparação entre as amplitudes de variação mensal da velocidade do vento entre as regiões de Campina Grande e Pitimbu